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domingo, 4 de setembro de 2011

Histórico do Espiritismo


Por volta de 1848, chamou-se a atenção, nos Estados Unidos, para diversos fenômenos estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos sem causa conhecida. Esses fenômenos aconteciam com freqüência, espontaneamente, com uma intensidade e persistência singulares; mas notou-se também que ocorriam particularmente sob a influência de certas pessoas, às quais se deu o nome de médiuns, que podiam de certa forma provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as experiências. Para isso usaram-se sobretudo mesas; não que este objeto seja mais favorável que um outro, mas somente porque ele é móvel, é mais cômodo, e porque é mais fácil e natural sentar-se em volta de uma mesa que de qualquer outro móvel. Obteve-se dessa forma a rotação da mesa, depois movimentos em todos os sentidos, saltos, reversões, flutuações, golpes dados com violência, etc. O fenômeno foi designado, a princípio, com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.
Até então, o fenômeno podia explicar-se perfeitamente por uma corrente elétrica ou magnética, ou pela ação de um fluído desconhecido, e esta foi aliás a primeira opinião formada. Mas não se demorou a reconhecer, nesses fenômenos, efeitos inteligentes; assim, o movimento obedecia à vontade; a mesa ia para a direita ou para a esquerda, em direção a uma pessoa designada, ficava sobre um ou dois pés sob comando; batia no chão o número de vezes pedido, batia regularmente, etc. Ficou então evidente que a causa não era puramente física e, a partir do axioma: Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, concluiu-se que a causa desse fenômeno devia ser uma inteligência.
Qual era a natureza dessa inteligência? Era essa a questão. A primeira idéia foi que podia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a experiência demonstrou logo a impossibilidade disso, porque se obtiveram coisas completamente fora do pensamento e dos conhecimentos das pessoas presentes, e até em contradição com suas idéias, vontade e desejo; ela só podia, então, pertencer a um ser invisível. O meio de certificar-se era bem simples: bastava iniciar uma conversa com essa entidade, o que foi feito por meio de um número convencional de batidas significando sim ou não, ou designando as letras do alfabeto; obtiveram-se, dessa forma; respostas para as diversas questões que se lhe dirigiam. O fenômeno foi designado pelo nome de mesas falantes. Todos os seres que se comunicaram dessa forma, interrogados sobre sua natureza, declararam ser Espíritos e pertencer ao mundo invisível. Como se tratava de efeitos produzidos em um grande número de localidades, pela intervenção de pessoas diferentes, e observados por homens muito sérios e esclarecidos, não era possível que fossem um jogo de ilusão.
Da América esse fenômeno passou para a França e o resto da Europa onde, por alguns anos, as mesas girantes e falantes estiveram na moda e se tornaram o divertimento dos salões; depois, quando as pessoas se cansaram, deixaram-nas de lado, em busca de outra distração.
O fenômeno não demorou a apresentar-se sob um novo aspecto que o fez sair do domínio da simples curiosidade. Os limites deste resumo não nos permitem segui-lo em todas as suas fases; assim passamos, sem transição, para o que ele oferece de mais característico, para o que atraiu sobremaneira a atenção das pessoas sérias.
Salientemos, antes, que a realidade do fenômeno encontrou numerosos opositores; alguns, sem levar em conta a preocupação desinteressada e a honradez dos experimentadores, só enxergaram uma fraude, uma hábil sutileza. Os que não admitem nada fora da matéria, que só acreditam no mundo visível, que acham que tudo morre com o corpo, os materialistas, em resumo os que se qualificam de espíritos fortes, repeliram a existência dos Espíritos invisíveis para o campo das fábulas absurdas; tacharam de loucos os que levavam a coisa a sério, e os cumularam de sarcasmos e zombarias. Outros; não podendo negar os fatos, e sob o império de certas idéias, atribuíram esses fenômenos à influência exclusiva do diabo e procuraram, assim, assustar os tímidos. Mas hoje o medo do diabo perdeu singularmente seu prestígio; falaram tanto dele, pintaram-no de tantos modos, que as pessoas se familiarizaram com essa idéia e muitos acharam que era preciso aproveitar a ocasião para ver o que ele é realmente.
Resultou que, à parte de um pequeno número de mulheres timoratas, o anúncio da chegada do verdadeiro diabo tinha algo de picante para aqueles que só o tinham visto em quadros ou no teatro; ele foi para muita gente um poderoso estimulante, de modo que os que quiseram levantar, por esse meio, uma barreira às novas idéias, agiram contra seu próprio objetivo e tornaram-se, sem o querer, agentes propagadores tanto mais eficazes quanto mais forte gritavam. Os outros críticos não tiveram sucesso maior porque, aos fatos constatados, com raciocínios categóricos, só puderam opor denegações. Leiam o que eles publicaram e em toda parte encontrarão a prova da ignorância e a falta de observação séria dos fatos; em nenhum lugar, uma demonstração peremptória de sua impossibilidade. Toda a argumentação deles resume-se assim: "Eu não acredito, então não existe; todos os que acreditam são loucos; somente nós temos o privilégio da razão e do bom senso." O número dos adeptos feitos pela crítica séria ou burlesca é incalculável, porque em todas elas só se encontram opiniões pessoais, vazias de provas em contrário. Continuemos com nossa exposição.
As comunicações por batidas eram lentas e incompletas; verificou-se que, adaptando um lápis a um objeto móvel (cesto, prancheta ou um outro, sobre os quais se colocavam os dedos), esse objeto começava a movimentar-se e traçava sinais. Mais tarde verificou-se que esses objetos eram tão-somente acessórios que podiam ser dispensados; a experiência demonstrou que o Espírito, que agia sobre um corpo inerte dirigindo-o à vontade, podia agir da mesma forma sobre o braço ou a mão, conduzindo o lápis. Tivemos então médiuns escritores, ou seja, pessoas que escreviam de modo involuntário, sob o impulso dos Espíritos, de que eram instrumentos e intérpretes. A partir daí, as comunicações não tiveram mais limites, e a troca de pensamentos pode-se fazer com tanta rapidez e desenvolvimento quanto entre os vivos. Era um vasto campo aberto à exploração, a descoberta de um mundo novo: o mundo dos invisíveis, assim como o microscópio tinha desvendado o mundo dos infinitamente pequenos.
Que são esses Espíritos? Que papel desempenham no Universo? Com que propósito se comunicam com os mortais? Tais eram as primeiras questões que se impunham resolver. Soube-se logo, por eles mesmos, que não se trata de seres à parte na criação, mas das próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outros mundos; que essas almas, depois de terem despojado de seu envoltório corporal, povoam e percorrem o espaço. Não houve mais possibilidade de dúvidas quando se reconheceram, entre eles, parentes e amigos, com quem se pôde conversar; quando estes vieram dar prova de sua existência, demonstrar que a morte para eles foi só do corpo, que sua alma ou Espírito continua a viver que estão ali junto de nós, vendo-nos e observando-nos como quando eram vivos, cercando de solicitude aqueles que amaram, e cuja lembrança é para eles uma doce satisfação.
Geralmente fazemos dos Espíritos uma idéia completamente falsa; eles não são, como muitos imaginam, seres abstratos, vagos e indefinidos, nem algo como um clarão ou uma centelha; são, ao contrário, seres muito reais, com sua individualidade e uma forma determinada. Podemos ter uma idéia aproximada pela explicação seguinte:
Há no homem três coisas essenciais: l.o) a Alma ou Espírito, princípio inteligente em que residem o pensamento, a vontade e o senso moral; 2.o) ocorpo, envoltório material, pesado e grosseiro, que coloca o Espírito em relação com o mundo exterior; 3.o) o perispírito, envoltório fluídico, leve, que serve de laço e intermediário entre o Espírito e o corpo. Quando o envoltório exterior está gasto e não pode mais funcionar, ele cai e o Espírito despoja-se dele como o fruto de sua casca, a árvore de sua crosta; em resumo, como se abandona uma roupa velha que não serve mais; é a isso que chamamos morte.
A morte, portanto, não passa da destruição do grosseiro envoltório do Espírito - só o corpo morre, o Espírito não. Durante a vida o Espírito está de certa forma limitado pelos laços da matéria a que está unido e que, muitas vezes, paralisa suas faculdades; a morte do corpo desembaraça-o de seus laços; ele se liberta e recupera sua liberdade, como a borboleta saindo de sua crisálida. Mas ele só abandona o corpo material; conserva o perispírito, que constitui para ele uma espécie de corpo etéreo, vaporoso, imponderável para nós e de forma humana, que parece ser a forma-tipo. Em seu estado normal, o perispírito é invisível, mas o Espírito pode fazer com que sofra certas modificações que o tornam momentaneamente acessíveis à vista e até ao contato, como acontece com o vapor condensado; é assim que eles podem às vezes mostrar-se a nós em aparições. É com a ajuda do perispírito que o Espírito age sobre a matéria inerte e produz os diversos fenômenos de ruído, de movimento, de escrita, etc.
As batidas e movimentos são, para os Espíritos, meios de atestar sua presença e chamar para si a atenção, exatamente como quando uma pessoa bate para avisar que há alguém. Há os que não se limitam a ruídos moderados, mas que chegam a fazer um alarido como de louça quebrando, de portas que se abrem e se fecham, ou de móveis derrubados.
Através de batidas e movimentos combinados eles puderam exprimir seus pensamentos, mas a escrita lhes oferece o meio completo, mais rápido e mais cômodo; é o que eles preferem. Pela mesma razão que podem formar caracteres, podem guiar a mão para traçar desenhos, escrever música, executar uma peça em um instrumento, em resumo, na falta do próprio corpo, que não têm mais, usam o do médium para manifestar-se aos homens de uma maneira sensível.
Os Espíritos podem ainda manifestar-se de várias maneiras, entre outras pela visão e pela audição. Certas pessoas, ditas médiuns auditivos, têm a faculdade de ouvi-los e podem, assim, conversar com eles; outras os vêem - são os médiuns videntes. Os Espíritos que se manifestam à visão apresentam-se geralmente sob forma análoga à que tinham quando vivos, porém vaporosa; outras vezes, essa forma tem toda a aparência de um ser vivo, a ponto de iludir completamente, tanto que algumas vezes foram tomados por criaturas de carne e osso, com as quais se pôde conversar e trocar apertos de mãos, sem se suspeitar que se tratava de Espíritos, a não ser em razão de seu desaparecimento súbito.
A visão permanente e geral dos Espíritos é bem rara, mas as aparições individuais são bastante freqüentes, sobretudo no momento da morte; o Espírito liberto parece ter pressa de rever seus parentes e amigos, como para avisá-los que acaba de deixar a terra e dizer-lhes que continua vivendo.
Que cada um junte suas lembranças, e veremos quantos fatos autênticos desse tipo, de que não nos apercebíamos, aconteceram não só à noite, durante o sono, mas em pleno dia e no estado mais completo de vigília. Outrora víamos esses fatos como sobrenaturais e maravilhosos, e os atribuíamos à magia e à feitiçaria; hoje, os incrédulos os atribuem à imaginação; mas desde que a ciência espírita nos deu a chave, sabemos como se produzem e que não saem da ordem dos fenômenos naturais.
Acreditamos ainda que os Espíritos, só pelo fato de serem Espíritos, devem ser donos da soberana ciência e da soberana sabedoria: é um erro que a experiência não tardou a demonstrar. Entre as comunicações feitas pelos Espíritos, algumas são sublimes de profundidade, eloqüência, sabedoria, moral, e só respiram bondade e benevolência; mas, ao lado dessas, há aquelas muito vulgares, fúteis, triviais, grosseiras até, pelas quais o Espírito revela os mais perversos instintos. Fica então evidente que elas não podem emanar da mesma fonte e que, se há bons Espíritos, há, também, maus. Os Espíritos, não sendo mais que as almas dos homens, naturalmente não podem tornar-se perfeitos ao abandonar seu corpo; até que tenham progredido, conservam as imperfeições da vida corpórea; é por isso que os vemos em todos os graus de bondade e maldade, de saber e ignorância.
Os Espíritos geralmente se comunicam com prazer, constituindo para eles uma satisfação ver que não foram esquecidos; descrevem de boa vontade suas impressões ao deixar a Terra, sua nova situação, a natureza de suas alegrias e sofrimentos no mundo em que se encontram. Uns são muito felizes, outros infelizes, alguns até sofrem horríveis tormentos, segundo a maneira como viveram e o emprego bom ou mau, útil ou inútil que fizeram da vida. Observando-os em todas as fases de sua nova existência, de acordo com a posição que ocuparam na terra, seu tipo de morte, seu caráter e seus hábitos como homens, chegamos a um conhecimento senão completo, pelo menos bastante preciso do mundo invisível, para termos a explicação do nosso estado futuro e pressentir o destino feliz ou infeliz que lá nos espera.
As instruções dadas pelos Espíritos de categoria elevada sobre todos os assuntos que interessam à humanidade, as respostas que eles deram às questões que lhes foram propostas, foram recolhidas e coordenadas com cuidado, constituindo toda uma ciência, toda uma doutrina moral e filosófica, sob o nome de EspiritismoO Espiritismo é, pois, a doutrina fundada na existência, nas manifestações e no ensinamento dos Espíritos. Esta doutrina acha-se exposta de modo completo em O Livro dos Espíritos, quanto à sua parte filosófica; em O Livro dos Médiuns, quanto à parte prática e experimental; e em O Evangelho segundo o Espiritismo, quanto à parte moral. Podemos avaliar, pela análise que faremos abaixo dessas obras, a variedade, a extensão e a importância dos assuntos que a doutrina envolve.
Como vimos, o Espiritismo teve seu ponto de partida no fenômeno vulgar das mesas girantes; mas como esses fatos falam mais aos olhos que à inteligência, despertam mais curiosidade que sentimento, satisfeita a curiosidade, fica-se menos interessado, na medida de nossa falta de compreensão. A situação mudou quando a teoria veio explicar a causa; sobretudo quando se viu que dessas mesas girantes com as quais as pessoas se divertiram algum tempo, saia toda uma doutrina moral que fala à alma, dissipando as angústias da dúvida, satisfazendo a todas as aspirações deixadas no vácuo por um ensinamento incompleto sobre o futuro da humanidade, as pessoas sérias acolheram a nova doutrina como um benefício e, a partir de então, longe de declinar, ela cresceu com incrível rapidez. No espaço de alguns anos conseguiu adesões em todos os países do mundo, sobretudo entre as pessoas esclarecidas, inúmeros partidários que aumentam todos os dias em uma proporção extraordinária, de tal forma que hoje pode-se dizer que o Espiritismo conquistou direito de cidadania. Ele está assentado em bases que desafiam os esforços de seus adversários mais ou menos interessados em combatê-lo e a prova é que os ataques e críticas não retardaram sua marcha um só instante - este é um fato obtido da experiência, cujo motivo os oponentes nunca puderam explicar; os espíritas dizem simplesmente que, se ele se propaga apesar da crítica, é que o acham bom e que se prefere seu modo de raciocinar ao de seus contestadores.
O Espiritismo, entretanto, não é uma descoberta moderna; os fatos e princípios sobre os quais ele repousa perdem-se na noite dos tempos, pois encontramos seus vestígios nas crenças de todos os povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sagrados e profanos; só que os fatos, não completamente observados, foram muitas vezes interpretados segundo as idéias supersticiosas da ignorância, e não foram deduzidas todas as suas conseqüências.
Com efeito, o Espiritismo está fundado sobre a existência dos Espíritos, mas os Espíritos não sendo mais que as almas dos homens, desde que há homens, há Espíritos; o Espiritismo nem os descobriu, nem os inventou. Se as almas ou Espíritos podem manifestar-se aos vivos, é que isso é natural e, portanto, eles devem tê-lo feito todo o tempo; assim, em qualquer época e qualquer lugar encontramos a prova dessas manifestações abundantes, sobretudo nos relatos bíblicos.
O que é moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de seu papel e seu modo de ação, a revelação de nosso estado futuro, enfim, sua constituição em corpo de ciência e de doutrina e suas diversas aplicações. Os Antigos conheciam o princípio, os Modernos conhecem os detalhes. Na Antigüidade, o estudo desses fenômenos constituía o privilégio de certas castas que só os revelavam aos iniciados em seus mistérios; na Idade Média, os que se ocupavam ostensivamente com isso eram tidos como feiticeiros e, por isso, queimados; mas hoje não há mistérios para ninguém, não se queima mais ninguém; tudo se passa claramente e todo mundo pode esclarecer-se e praticá-lo, pois há médiuns em toda parte.
A própria doutrina que os espíritos ensinam hoje não tem nada de novo; é encontrada em fragmentos na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e inteira no ensinamento de Cristo. Então o que vem fazer o Espiritismo? Vem confirmar novos testemunhos, demonstrar, por fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas, restabelecer em seu verdadeiro sentido as que foram mal interpretadas.
O Espiritismo não ensina nada de novo, é verdade; mas não é nada provar de modo patente, irrecusável, a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade depois da morte, sua imortalidade, as penas e recompensas futuras? Quanta gente acredita nessas coisas, mas acredita com um vago pensamento dissimulado de incerteza, e diz em seu foro íntimo: "E se não fosse assim?" Quantos não foram levados à incredulidade porque lhes apresentaram o futuro sob um aspecto que sua razão não podia admitir? Então, não é nada que o crente vacilante possa dizer: "Agora tenho certeza!", que o cego reveja a luz? Pelos fatos e por sua lógica, o Espiritismo vem dissipar a ansiedade da dúvida e trazer de volta à fé aquele que dela se afastou; revelando-nos a existência do mundo invisível que nos rodeia, e no meio do qual vivemos sem suspeitar, ele nos dá a conhecer, pelo exemplo dos que viveram, as condições de nossa felicidade ou infelicidade futura; ele nos explica a causa de nossos sofrimentos aqui na terra e o meio de amenizá-los. Sua propagação terá por efeito inevitável a destruição das doutrinas materialistas, que não podem resistir à evidência. O homem, convencido da grandeza e da importância de sua existência futura, que é eterna, compara-a com a incerteza da vida terrestre, que é tão curta, e eleva-se, pelo pensamento, acima das mesquinhas considerações humanas; conhecendo a causa e o propósito de suas misérias, ele as suporta com paciência e resignação, porque sabe que elas são um meio de chegar a um estado melhor. O exemplo daqueles que vêm do além-túmulo descrever suas alegrias e dores, provando a realidade da vida futura, prova ao mesmo tempo que a justiça de Deus não deixa nenhum vício sem punição e nenhuma virtude sem recompensa. Acrescentemos, finalmente, que as comunicações com os seres queridos que perdemos acarretam uma doce consolação, provando não só que eles existem, mas que estamos menos separados deles que se estivessem vivos num país estrangeiro.
Em resumo, o Espiritismo suaviza a amargura das tristezas da vida; acalma os desesperos e as agitações da alma, dissipa as incertezas ou os terrores do futuro, elimina o pensamento de abreviar a vida pelo suicídio; da mesma forma torna felizes os que aderem a ele, e está aí o grande segredo de sua rápida propagação.
Do ponto de vista religioso, o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras; mas é independente de qualquer culto particular. Seu propósito é provar, aos que negam ou duvidam que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo, que ela sofre depois da morte as conseqüências ao bem e do mal que fez durante a vida corpórea; ora, isto é de todas as religiões.
Como crença nos espíritos, também não se afasta de qualquer religião, ou de qualquer povo, porque em todo lugar onde há homens há almas ou espíritos; que as manifestações são de todos os tempos, e o relato delas acha-se em todas as religiões, sem exceção. Pode-se, portanto, ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano, e acreditar nas manifestações dos espíritos, e conseqüentemente ser Espírita; a prova é que o Espiritismo tem aderentes em todas as seitas.
Como moral, ele é essencialmente cristão, porque a doutrina que ensina é tão-somente o desenvolvimento e a aplicação da do Cristo, a mais pura de todas, cuja superioridade não é contestada por ninguém, prova evidente de que é a lei de Deus; ora, a moral está a serviço de todo mundo.
O Espiritismo, sendo independente de qualquer forma de culto, não prescrevendo nenhum deles, não se ocupando de dogmas particulares, não é uma religião especial, pois não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que indagam se fazem bem em seguir esta ou aquela prática, ele responde: Se sua consciência pede para fazê-lo, faça-o; Deus sempre leva em conta a intenção. Em resumo, ele não se impõe a ninguém; não se destina àqueles que têm fé ou àqueles a quem essa fé basta, mas à numerosa categoria dos inseguros e dos incrédulos; ele não os tira da Igreja, visto que eles se separaram dela moralmente em tudo, ou em parte; ele os faz percorrer os três quartos do caminho para entrar nela; cabe a ela fazer o resto.
O Espiritismo combate, é verdade, certas crenças como a eternidade das penas, o fogo material do inferno, a personalidade do diabo, etc.; mas não é certo que essas crenças, impostas como absolutas, sempre fizeram incrédulos e continuam a fazê-los? Se o Espiritismo, dando desses dogmas e de alguns outros uma interpretação racional, devolve à fé aqueles que dela desertaram não está prestando serviço à religião? Assim, um venerável eclesiástico dizia a esse respeito: "O Espiritismo faz acreditar em alguma coisa; ora, é melhor acreditar em alguma coisa que não acreditar em absolutamente nada."
Os Espíritos não sendo senão almas, não se pode negar os Espíritos sem negar a alma. Sendo admitidas as almas ou Espíritos, a questão reduzida à sua mais simples expressão é esta: As almas dos que morreram podem comunicar-se com os vivos? O Espiritismo prova a afirmativa pelos fatos materiais; que prova se pode dar de que isso não é possível? Se assim é, todas as negações do mundo não impedirão que assim seja, pois não se trata nem de um sistema, nem de uma teoria, mas de uma lei da natureza; ora, contra as leis da natureza, a vontade do homem é impotente; é preciso, querendo ou não, aceitar suas conseqüências, e adequar suas crenças e seus hábitos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Visão Correta do Espiritismo


É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido não como uma seita particular e sim como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante da umbanda ou do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar. Contudo, somente será espírita em parte, e não de modo completo, pois é igualmente indiscutível que a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram (“O Livro dos Espíritos”, introdução, item XVII), e tal ensino é suficientemente claro quando estabelece os fundamentos de uma filosofia racional (idem, Prolegômenos) que incompatibiliza a teoria e prática do Espiritismo com tudo aquilo que tem sabor místico e é destituído de conteúdo lógico. Daí porque ninguém pode ser fiel à causa espírita se deixar de agir com bom senso.
Não basta tirarmos carteirinha no Clube da Pureza Doutrinária para servirmos com proficiência ao Espiritismo. Importa termos a sua visão correta e o bom senso indica que, para isso, o primeiro cuidado é não sermos radicais. Na história de todos os movimentos que hão surgido para alargar os horizontes mentais do ser humano sempre foram as concepções extremistas que estragaram tudo... São elas as fontes geradoras da ortodoxia e toda ortodoxia é fechadura dogmática trancando as janelas da livre análise, sem a qual torna-se impossível o progresso. Acontece que tanto há uma ortodoxia excessivamente conservadora, vocacionada para sustentar o tradicionalismo, quanto há uma ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeita, nem mesmo os valores fundamentais e imprescindíveis à identidade de um pensamento filosófico. A primeira produz por imobilismo a fé cega e a segunda vai tão longe que destrói qualquer fé, ainda que nascida do conhecimento bem construído. Ê lamentável, mas ainda não aprendemos uma grande lição da Antiguidade clássica: virtude está no meio...
Com o devido apreço aos que lutam por fixar o Espiritismo unicamente no plano científico ou exclusivamente na esfera religiosa, e ainda com a justaconsideração àqueles que de sejam conservá-lo em sua feição primitiva ou modernizá-lo por completo, ousamos afirmar que a providência básica para termos uma ótica senão perfeita, pelo menos razoável, do Espiritismo, consiste em abandonarmos a presunção de sabedoria infusa e estudarmos com inteligente humildade obra de Kardec, onde são limpidamente expostos os princípios inquestionáveis de nossa Doutrina e os pontos sobre o quais ela própria recomenda reflexão, pesquisa e debate para amadurecimento das idéias.
O mal é que, ao invés de examinarmos sem premeditação os livros do mestre lionês, recorremos a eles com o deliberado ânimo de catar argumentos esparsos alimentadores de nossas tendências ideológicas, sem admitir que, como as demais pessoas, estamos sujeitos a limitações perceptivas. Ora, como todos nos situamos em graus de evolução diferenciados, cada um vê o Espiritismo de uma forma distinta, resultando daí as insanáveis divergências opiniáticas Se sabemos administrá-las, cultivando-as com equilíbrio e moderação, ainda dá para convivermos em regime de trabalho solidariedade e tolerância, consoante a divisa, ou lema, da Codificação. Se caímos no radicalismo, terminamos sendo nocivos e não úteis ao ideal comum. É o que parece, salvo melhor juízo...


(Reformador nº 2000 – Novembro/1995)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sincretismo na Umbanda

Devido à uma série de acontecimentos históricos, à opressão sofrida pelos negros na época da escravidão e à imposição da religião católica dos fazendeiros sobre seus escravos, hoje o sincretismo dos nossos Orixás com os Santos do Catolicismo é muito presente na Umbanda. Muitas vezes este sincretismo e a presença de imagens católicas em nossos terreiros torna-se muito importante para aquele consulente que não conhece muito sobre a Umbanda e vai para um terreiro cheio de medo e desconfiança, mas quando chega lá se sente confortável pois encontra algo que reconhece como sagrado. Sendo assim, seja pela importância para os trabalhos ou pelo fato histórico em si, cabe a nós conhecer e entender o sincretismo na Umbanda. Vamos lá ?

OXALÁ – Jesus Cristo, Nosso Senhor do Bonfim. O grande Pai da Umbanda. Senhor da compaixão, do perdão, da sapiência e da fé. Saudação: Oxalá yê, meu pai! ou Exê Babá! – significa: O Sr. Realiza! Obrigada Pai!


XANGÔ – São Jerônimo, São Pedro, São João. São Jerônimo foi quem traduziu alguns livros da Bíblia do hebraico e do grego para o latim e São João pregava a conversão religiosa e batizou Jesus. Xangô é o deus do trovão e da justiça. Saudação: Caô Cabecilê, meu Pai! – significa: Permita-me vê-lo, Majestade!

                                                                                           

OGUM – São Sebastião (BA), São Jorge (RJ). Orixá do ferro, fogo e tecnologia. Ogum é o orixá guerreiro capaz de abrir caminhos na vida e quebrar nossas demandas. Saudação: Ogum Yê, meu Pai! – significa: Salve o Sr. Da Guerra!

                                                                                            
                                                                                                                     
OXOSSI – São Sebastião (RJ), São Jorge (BA). Orixá da caça e da fartura. Senhor das matas, da verdade e do conhecimento. O grande caçador de almas perdidas, grande curador e grande doutrinador. Saudação: Oke Arô, meu Pai! – significa: Dê seu brado, Majestade!

                                                                                              

OBALUAYÊ – São Lázaro, São Francisco (BA). Senhor da cura, da evolução e da passagem. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!
OMULU – São Roque, São Lázaro, São Bento. Senhor do fim, Senhor da paralização. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!

                                                                                  

IBEJI - São Cosme e São Damião. Pureza, leveza, alegria e doçura. Saudação: Salve a Ibejada!

                                                                      

YANSà– Santa Bárbara. Orixá guerreira, deusa dos raios, dos ventos e das tempestades. Liberdade, movimento e paixão pela vida essa grande orixá nos traz. Saudação: Eparrei, Yansã! – significa: Salve o raio, Yansã!

                                                                                                                   
OXUM – Nossa Senhora da Conceição (RJ), Nossa Senhora das Candeias (BA). Orixá do amor puro e verdadeiro, orixá da alegria e da união. Senhora da águas doces e das cachoeiras. Saudação: Ora Yê iê, ô! – significa: Olha por nós, Mãezinha!

                                                                               
IEMANJÁ – Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes. É a deusa dos grandes rios, mares e oceanos. A grande mãe da Umbanda e dos Orixás. Representa vida e geração em todos os sentidos. Saudação: Odoyá Yemanjá! Adoci-yaba! – significa: Salve a Senhora da Água!

                                                                                          



A importância dos pontos riscados na Umbanda Astrológica


Percebo aqui nas visitas a este humilde blog, que há um enorme interesse sobre pontos riscados. Na verdade os pontos são mesmo importantíssimos, eu diria que os riscados, mais ainda que os cantados. Claro que os cantados também são de suma importância, mas, a diferença é que são mais litúrgicos, enquanto que os riscados são mais magisticos.

Os primeiros pontos a serem riscados são os de firmeza do conga e entrada. São riscados no chão, em geral pelo guia que ira chefiar a gira. Pontos de trabalho, riscados para direcionar energias durante um atendimento por exemplo assim como os pontos de confirmação são riscados em tábuas que possuímos para tal.Entendo os pontos riscados como portais, logo visualizo o riscar na tábua um possibilidade de mover para outro lado sem que necessite fazer tudo de novo. No chão, quando a entidade trás sua assinatura, pois é através dela que o guia afirma ser quem diz ser ou como os Umbandistas entendem saber por qual linha ele vem trabalhar. As tábuas creio eu foi uma introdução dos dirigentes, tendo em vista que ficava melhor para o trabalho de aportar os objetos de trabalho quando a entidade está no terreiro, ( Ex: Copo com água, velas, ervas, fios de contas, bilhetes, búzios e etc...)Marcas de tribos são os Gberes ou curas que são diferenciados entre Nações de Candomblé podendo terem riscos verticais, horizontais, em cruzes, ondulados e pela quantidade de riscos paralelos ou ainda uma mistura entre estes em casos de iniciados ou simplesmente em desenhos nas paredes ou chão. O Ponto riscado também é visto e realizado tanto na Cultura Angola/Kongo como na Cultura Fon ( Djedje), mas sua predominância é de fato na Umbanda. Nem sempre o risco é ponto de firmamento, muitas vezes esse risco trás influencias cabalísticas como em casos de pontos de fogo ou mesmo cruzamentos sejam com Pembas, amaci, água, marafo e etc... Algumas outras culturas da religiosidade afro descendente também o fazem como marcas de tribo ou simbolismo.E vale lembrar ainda que a prática utilizada na Umbanda e conhecida como ponto de fogo utilizado por algumas entidades na verdade é algo trazido da ancestralidade Fon/Ewe ( Djedje ). Interessante lembrar que na cultura do Angola/Kongo, todos nós que nascemos com ancestralidade para o direito ao Sacerdócio ( Nganga ) trazemos nosso risco cabalístico além das dijinas que são duas, uma para o conhecimento do clã ( Família ) a qual classifica o iniciado por aquilo ao qual ele venha a representar como a minha KAMBAMI ( O filho que fala pelo Pai ) e outra bem mais secreta que dá a origem de sua linhagem e toda sua carga espiritual chamada de Dijina Kissuama.Essa prática magistica é bem mais vista no chamado Vodoo, não confundir com o culto a Vodunsi, pois ambos tem sua origem nas culturas do Dahomey (Daomé). Também, os riscos nas culturas Yorùbá podem e são relacionados com a forma geomântica das leituras dos Odu.Analizando ainda a parte os pontos riscados sejam dentro de louças ou de alguidares/oberós, vale lembrar os ambos aspectos que levem a tal procedimento, seja para firmar o ponto do guia ou mesmo para quebrar demanda. A Umbanda por estar repleta de espíritos de diversas culturas trás para dentro de sua linha diversas formas de riscos o que leva ou deveria levar a um sacerdote Umbandista uma compreensão bem mais ampla das culturas de origem para poder entender e saber analisar a entidade presente.O certo é que aquele que domina essa prática, se torna um grande mago e domina a magia, assim como aconteceu com Salomão, Melquisedek e outros. E não se engane, essa pratica não é uma criação da Umbanda que conhecemos hoje, na verdade é muito mais antiga do que se pensa.Mas, é muito difícil, poucos iniciados tem 50% do domínio e do conhecimento dessa ciência fantástica. Muitos destes pontos as vezes não são riscados com a Pemba e sim desenhados com o próprio material ofertado, seja no desenho que se faz com a farofa/Padê ou mesmo nas disposições dos elementos ( Ex: Quiabo/Ilá nas comidas de Sangò. Nos chamados "paliteiros" nos inhames de Ògún, na distribuição do Coco/Àgbon nas oferendas de Odé, no enfeite de camarões nas oferendas de Yemoja, nas colocações dispostas das folhas de Louro nos Akarajés de Oya e etc. Só que mais importante que os elementos é saber decifrar para que serve cada ponto, cada traço e não usar as magias movimentadas por eles sem prudencia.Enfim, é bem mais do que apenas riscar com Pemba seja no chão ou na tábua. Os pontos cabalisticos se estendem bem mais dentro da liturgia espiritual. Em geral os pontos riscados tem função de agregar ou dispersar energias conforme movimento ou vontade do manipulador , de modo que, sempre trazem sinais que se relacionam as elementos da natureza mais afins ao manipulador ou objeto em questão , quer seja terra, agua, fogo e ar.Os pontos mais fortes e corretamente montados são de culturas distantes como a antiga cabala iniciática brahmane chamado por pesquisadores de alfabeto adamico. Também há influência Celta, Essênia, Egipcia, hebraica e Meji. Além de pontos que não conhecemos ainda e que só são passados aos escolhidos por seus mentores, esses são inéditos.Muito antes de conhecer a Umbanda, a espiritualidade, magia ou esoterismo, sempre vi pontos riscados no céu, ao fechar os olhos, dormindo ou acordado. Sempre tive a noção de que a magia passa pela ritualistica dos riscos sagrados. O próprio Cristo tinha noção disso, pois, vivia riscando no chão. Até porque ele estudou com os descendentes essênios e além disso, toda cultura hebraica é rica nesse tido de esoterismo ou simbolismo.E sem querer me extender esse é o maior misterio visivel nos trabalhos esotericos de umbanda pois esta vinculado a egregoras consonantes de energia no plano astral, logo nao é leite pra crianca beber... e assim vamos seguindo devagar , devagarinho, as vezes vendo um ou outro movimento de magia interessante por ai nos pontos riscados em meio a sinais em geral apenas mnemonicos ( que ativam a memoria ) como estrelas, ancoras, coracoes ,etc. Mas, grande maioria não passa de bobagem. Muitos ensinam uma tal de "geometria sagrada", dizem que fizeram incorporados, mas tudo é só pra vender livros e cursos.E o sinal mais importante para os mediuns iniciados no segmento esoterico é um poonto chamado de ordens e direitos de trabalho onde o mentor chefe do medium, se identifica e invoca suas forçcas, comandos e comandados, para o trabalho libertador de consciencias... Esse sinal principal é o ponto que fica, ou a meu ver deveria ficar, sobre a mesa principal ou conga em templos de Umbanda.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Médiuns: O que a ciência tem a dizer sobre a mediunidade?


Os cientistas acreditam que o cérebro explica a mediunidade, mas não saberm dizer como


De repente, coisas estranhas ocorrem. A pessoa vê vultos inexplicáveis, ouve vozes de gente que não aparece ou faz previsões que, de tão acertadas, não parecem ser apenas coincidência. 

Depois dos momentos de susto, chega a hora de deixar de negar o fenômeno e tentar conviver com ele. 

Os brasileiros que acreditam ter dons mediúnicos geralmente procuram centros espíritas há 14 mil deles no país e acabam conhecendo gente com histórias parecidas. "Mas, quando a mediunidade é exuberante, você não pode evitá-la" , diz Marta Antunes, diretora da Federação Espírita Brasileira.

As imagens de espíritos ou a inspiração para escrever uma carta costumam aparecer do nada, como um déjà vu, na hora em que a pessoa menos espera. É como dizia o médium Chico Xavier: "O telefone toca sempre de lá para cá". Na tentativa de ligar daqui para lá, muitas religiões do planeta criam rituais e provocam um momento de êxtase: o transe. Para os médiuns, o transe é o ponto alto de sua habilidade, quando conseguem incorporar um espírito. Já para os psiquiatras, é um estado alterado de consciência, assim como a hipnose, que se atinge após um longo processo de concentração. Rituais com danças frenéticas, mantras, estímulos luminosos, jejum prolongado e até plantas alucinógenas fariam o participante sair de si. Uma boa forma de desvendar a mediunidade é entender como rituais levam ao transe e como o transe resulta nos relatos de contato com os espíritos. Por isso, os cientistas tentam estudar o que acontece no cérebro durante esse momento único. A busca tem duas frentes. Numa delas há espíritas que tentam explicar e comprovar cientificamente a mediunidade. É o caso do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de medicina e espiritualidade da USP e membro da Associação Médico-Espírita de São Paulo.Segundo ele, a glândula pineal é a responsável pela interatividade com o mundo dos espíritos. Do tamanho de uma ervilha, a pineal fica no centro do cérebro e produz a melatonina, hormônio que regula o sono. "É um órgão sensorial capaz de converter ondas eletromagnéticas em estímulos neuroquímicos", diz. Oliveira acredita que as pessoas que dizem sofrer possessões têm na pineal uma quantidade maior de cristais de apatita, um mineral parecido com o esmalte dentário. Quanto mais cristais, maior seria a sensibilidade espiritual.

Sintomas de Mediunidade


A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.
À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade.
Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.
Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.
Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.
Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono - insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais - sombras e vultos, vozes e toques - que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito doenfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos - encarnado e desencarnado - se viram envolvidos.
Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.
Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para quenão lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido.
Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo.
Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.
Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje.
O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.
Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual.
A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.
A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.
Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos - o físico e o espiritual - proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas.
Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.
A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.
É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal.
Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.
Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 10 de julho de 2000, em Paramirim, Bahia).
(Jornal Mundo Espírita de Março de 2001)

Oração: Salve Rainha


Salve, Rainha, 


Mãe misericordiosa, 

vida, doçura e esperança nossa, salve! 

A vós brandamos os degregados filhos de Eva. 

A vós suspiramos, gemendo e chorando 

neste vale de lágrimas. 

Eias pois, advogada nossa, 

esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, 

e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, 

bendito fruto de vosso ventre, 

ó clemente,

ó piedosa, 

ó doce sempre Virgem Maria.

Rogais por nós Santa Mãe de Deus. 

Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 

Amém.